segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

SMS

Na veneziana
o vento vem vozeando você.
Sinto o sopro e te bom dio
sem voz, nem violão.
Virtual...

sábado, 24 de janeiro de 2009

O.olhar de uma Satiko da Silva

O canto da banda de pássaros
anuncia o renascer de um Sol Epitácio
com cheiro de rio e divisa estatal.
É por ser só o que é
que o audiovisual desse recomeço impressiona a menina
e aumenta sua solidão ao imagear-lhe saudade.

Resposta à pergunta: o que é o poeminha miojo?

Poeminha miojo
é brinquedo letrês
Você pede palavras
ao gosto do freguês
O que vale é a idéia
que a imaginação fez
O escrito é instantâneo
feito em bom português
Às vezes erudito
outrora caipirês
Pode até haver rima
e métrica de seis
Mas se for uma prosa
já não é poemês...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Para a poeta que me ensinou o "poeminha miojo": Mariana Manse (palavras dadas: lágrimas, silêncio, imensidão, esperança, fim)

Lágrimas rolaram naquele silêncio
que era uma imensidão de ruídos matenses.
Um choro que o sereno plantou no folhal.
Apesar do medo de ser desmatagado
subsistia gramalmente a esperança
de que aquele não fosse o fim...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

------ (poema escrito em 24/02/2006)

Hoje morreu Francisco
(78 anos)
Francisco que fora bom homem
Bom pai
Bom marido
Bom tio
Bom amigo

Francisco
que fora gentil

Francisco
"- Um santo"
Partiu.
Havia cumprido sua missão.
Somente e somente por isso
partiu...

Hoje morreu Alan
(1 ano e 5 meses)

Anotações de Viagem II

Serração

1.
O andar de carro
impede cheirar o multi-verde da serra.
Só dá mesmo pra olhar por detrás do vidro,
barreira glássica.
Em tempos de andar de a pé
e viagem de a carroça
fazer rastro tinha gosto de mato.
Meu avô foi homem de sorte,
mas depois comprou um Jeep.

2.
Na classe dos mateiros
tem o pantaneiro
que só conheço de ouvir falar
tem o roceiro
à moda em que nasci
e tem o serreiro
que vejo vez por ano
em olhar glássico-carral.
Mirada vidreira mesmo.

Vez e meia apeio o carro
e vejo que serreiro é gente gente
além de vendedor de mel
e badulaque de madeira.
Dou um aperto de mão e agradeço
me dar gosto de abelha
já que gosto de verde ficou comprometido.

3.
Lá no longe da serra
tinha um curral
cercado por verde e verde só.
Quilômetro em frente
(curral em vista perdida)
tinha casas, carros
e mais bichos que não bois.

Aquele gado encurralado
decerto que sofre de solidão

4.
Viagem de a cavalo
também tinha seus defeitos
Não formava fila lenta
nem parava por excesso de transporte
o que dava menos quantidade de encontro.
Apesar de que
se dava encontro era de verdade,
porque cavalo não permite ar-condicionado.


Soprados em brisa

5.
O mar está empinando pro rumo do horizonte
como de costume
O céu declina pro mesmo lado
As nuvens estão pintadas de rosa
vermelho claro, laranjado, azul, roxo,
e segue mais.
Culpa do sol que brinca de colorir.
Mar e céu se tocam e ali findam
pra mó’de começar o devaneio

6.
Quando o mar do lado do Chile engole o sol, provável que o pueblo assusta sem saber se ele volta pela cordilheira no outro dia. Se eu não soubesse que o mar vizinho do Brasil é que cospe aquele fogaréu quando é tempo de clarear e ideiasse que é a terra que engole o as-luz-tro na hora boa pra noite, decerto que teria duvid’assombrosa. Como sei que a façanha se dá de mar a mar, só tenho um medo, que é do sol a-fogar.

7.
Quando a lua fica nítida
e vira o astro da noite
mar e céu ficam sem cor
(Quando o sol vai embora, só deixa tinta pra lugar onde tem luz elétrica, fogo ou lampião a gás)

Do mar sobram sorrisos
e do céu gotas de suor
(refletindo o clarão da cidade)
São sinais de um longo dia de azul

8.
A praia genteou a ponto de não caber gaivota
Sirizinho chega esbugalhar pret’olho
quando se desemburaca

9.
O mar fez agrado e transpareceu.
Dia por dia não turvou
nem impediu pular morro d’água
que é o que faz gosto nessas bandas de cá

Em represado, quando passa canoa
a gente logo pensa:
Se fosse um navio...

10.
Nadar em corr’go não instruciona pra onda
‘caus’d’quê
em corguinh’ nem canoa entra.
Pra enrugar água
só mesmo havendo cascatinha
(que gente pobre de queda d’água chama de cachoeira)
Dasvezes que pode ser isso mesmo
já que nome vareia
e em região de escassez
corr’go é riozinh’.
Mas mesmo em havendo birruguinha
corr’go não instruciona pra onda.
Questão de brabeza.

11.
Passei o dia amuado.
Culpa do encranhamento racional
que volta e meia dá doença em erudito
(apesar do meu chucrismo)
Pensei que virada de ano é coisa inventada,
porque continua o mesmal,
mas não teve jeito,
a champagne e o espumante misturados
(além do mar sorrindo e o céu ainda suado)
causaram aquele aperto.

No fundo o ano passou mais que bem
e...
qual o mal em recomeçar,
(mesmo que só em achamento)?

PS - Secado o garrafal pulei sete ondas e quase vi Iemanjá, mas ocorreu que ela (que nem um Tatuzinho que espiei no meio da festa) tendo vindo pra’ssistir ao colorido celeste, não deu conta de ver o povo engarrafando e enrolhando a praia. Correu se esconder de desgosto.

12.
O ano começou abençoado em chuva
que caiu pinicando o mar
O aguaçal agradou
tenteando lavar os restos de festa
Foi água de cá, rum’ oceano
empurrando o lixaçal
e o mar não querendo aquilo não
fazendo onda empurra-empurra
formou um cordão degetal
o que facilitou a garização.

13.
Pulou da nuvem
escorregou impressionando um derretimento de vidro
e brincou de tirolesa no fio de poste.
Divertiu ao homem atento na sacada,
que esperando o tempo estiar,
achou beleza na alegria fiada daquele gotejo

14.
Chuvaréu,
em vila de pescador
toma outra feição
Fica lastimoso

Observado de automóvel
parece choro de ovelha acuada

É um acabrunhamento silencioso
de saber que dia assim não ocasiona pesca
De saber que dia assim
não assegura (me)renda

15.
Começou virar desbenção o chuvaçal
Perdeu graça a brincadeira gotesca
O homem da sacada fez promessa pra Santa Clara
a fim de que o tempo limpasse
e terminou que astiou
Como não descumpre o dito,
quebrou um ovo na praia, em pagamento.
À tarde reescureceu.
Vai ver que a santa não aceita ovo de granja.

16.
O mar bravejou.
Tomou conta da areia.
Agora nem gente, nem gaivota.
Não sei se pelo excesso de chuva, ou de lixo
recebeu mal os chegantes
e fez de quem estava, partinte
Acho que o jeito é fazer rastro.

Resserração

17.
Manacá pintou a serra
desabrochando cor de flor de manacá.
Coisa pouca, mas já deu outra feição.
Não diferenciou muito de gente
que por nada se irreconhece.

18.
A modernidade trouxe mudança pra os serreiros. Dá pra ser mecânico, borracheiro, trabalhar em posto de gasolina e ainda vender suco em engarrafamento. Coisas que não se vê
quando a viajem está num sem-problemas.

Aviso: Quando o andejo problemeia, despoesio de marré deci.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Obs-cenas (contra-indicado a crianças, menores de 15 cm e hipersensíveis)

Perder área de lazer pra rola XGG
cabe adjetivação à fêmea
Já diz o Kama Sutra:
“Pra cada tipo de chavasca, um tipo de piroca”
Só se agrada com pica enorme buceta lasceada
E deve-se perdoar
Nem sempre mulher larga acha par
E o mesmo se dá pra homem ajegado
Pobres minorias...

-------- I

Erudição é coisa que atrapalha
É só arreparar que pra escrever música
(tempo em toada)
dificulto o ideiário.
Já palavreado,
que vai no escorrego da esferográfica
sai que sai desmedado
Risco, rerrisco
e acaba que sai do meu agrado
(mas por motivo do meu escrivinhado
não ter compromisso letrológico)
Bem que eu deveria mandar o musiquismo pras cucuia’

-------- II

Tem gente que está
mas não assim presentaço
Traz uma alegria de pó-de-arroz
e uma cara de quem se preocupa
Mas é só artifício
Lá no fundo não importa
se vai ver ou ouvir a voz
Lá no fundo, tanto faz
a ponto de a pessoa despalavrear
sempre que faz trato
Se diz disso mancada
Não deixa de ser uma deficiência do moral