quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sakurakai tocadora

Na espera de um sorriso
a menina tocou sua flauta.
Não teve medo, nem calma,
mas conseguiu ser leve.
De modo simples encantou o ouvinte,
que chorou.
Não se desapontou por ter percebido
essa maneira dele sorrir.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Soneto ao José

Azulberante foi idéia boa
Vinda de um poeta auto-reprimido
De imaginário por ele contido
Não pude deixar a palavra à toa

Hoje menino um pouco vivido
Sua imaginação quase que voa
Queria ser conhecido em Lisboa
Mas tem ficado mais e mais metido

Depois de ver o céu azulberante
Não o contenta Portugal e Espanha
Quer mesmo ver o mundo o aplaudindo

Com seu violão quer fazer façanha
Fazer escalas como o Paco: rindo
Não quer ser menos que da guarda avante...

Recanto

Nosso recanto recebe com pedido: “Quem vier, de onde vier, venha em paz...”. Capricho de mamãe, mas que orienta. E segue mais: “Não jogue lixo no chão, chão é pra plantar semente”; “Não pule na água daqui, você poderá se machucar!” e vai. O menos obedecido é fácil prever, porque graça de represa é pular de bomba e de mergulhão e quando o assunto é farra, obediência desfica.
O luxo lá é o aconchego rural e o muito amor que se pode ver. É um lugar onde a gente se descobre ao perceber o que rodeia. Foi minha ensinança de que neon alaranjado é sol poente e que flash é relâmpago descente. Nessa observância pude ver que só o céu dali é azulberante, e que até seu turvado – quando é tempo dele regar a roça – tem aquela beleza de firmamento. Ademais porque é nesse momento que o pasto enverdece, a horta ematece e a passarada emudece pra depois irromper em renova cantoria.
Se o aguaçal exagera, a terra faz morro pra dentro e o represado transborda fazendo vazar água e lambari. Quando o aguaceiro seca todo o pasto vira um lambarizal – porque lambari não é peixe grande o suficiente pra se segurar na represa, nem pequeno o bastante pra nadar no meio da grama – e acaba que vem o sol e eles morrem de calor e falta d’água. Se um corre pra tentar salvar os bichinho’, não adianta muito, mas também não atrasa, porque os poucos que são salvos, ‘tão salvos e pra eles valeu.
No recanto, além de peixe, galinha (umas da Angola), ganso, pavão, peru, passarada que revoa e cavalo, tem também um tanto de gado inteiro, mas que meu pai conta só pelas cabeças. Imagino que seja porque cabeça de boi é de alardear, já que chifre... é chifre... Quando o boi não tem cornos, imagino que por só tradição, a contagem não muda e continua valendo apenas o coco.
Se gente urbana chega ao recanto, logo se vê a alegria quando ela avista uma calçada ou um cimentado. Claro que isso eu passo, porque além de salvar seu tênis em rápido, também brota aquela sensação de reencontro com ela mesma e sua origem – como se o homem tivesse vindo do concreto! – e é igual assim que me sinto quando em cidade miro um mato e mais sorrio, principalmente em havendo passarinho. Sei que ali me correspondo.
Nosso recanto não cabe num papel, nem numa tela, mas cabe no olho apertado pelas pálpebras, que é a relembrança de quem passou, repassou e ali sorriu.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

------ (Poema escrito em junho de 2007)

Quis ouvir Luíza
Ela fitou-me
Fitamo-nos
Ela desviou o olhar
Fitou o chão
Voltou a mirar-me
Insistiu
Nos amamos muito naquela hora
Ela levantou-se,
não podia...

Arco-íris

Arco-íris é o sol colorindo a imagem celeste.
É o céu com mais brilho, abrigando sete tons,
que sem números seriam IIIIIII cores.
Pena que adulto estraga o espontâneo,
senão arco-íris seria sempre IIIIIII,
e bastaria...